domingo, 12 de setembro de 2010

Hoje,Admiti.
Sinto falta dele.Sinto falta dele como se uma parte do meu corpo tivesse sido arrancada bruscamente por alguém de quem não posso esperar vingança.
Posso esquecer seu rosto,sua voz,seu sotaque arrastado.Tenho certeza .Mas acho que nunca conseguiria esquecer as consequências disso.
A muito tempo atrás me descobri sendo egoista,mesquinha,niilista.E pra falar a verdade,adorei isso.E quando eu comecei a mudar,fraquejar,bambear-me em tuas palavras doces e enganosas,senti fraqueza.Quis repeli-lo;meu instinto mandava eu fazê-lo.
Eu estava sucumbindo,derrubando muralhas nas quais sofri para construir.Abrindo uma brecha,sem pensar no que poderia passar por ela.
E sem reparar,eu tinha despido minha armadura.Você me mudou;assustadoramente.Me fez querer ser melhor.E eu tentei.Joguei todo o resto fora,e fui aprendendo sobre fidelidade,sinceridade,amores e sonhos.
Ah..a inocência! Traiçoeira como uma serpente..Seu veneno me fez chorar de arrependimento e mágoa por muito tempo.Remoí e fustiguei..cultivei ódio.E ele se tornou em uma armadura,mais resistente do que a primeira.Me senti impenetrável.E agora,depois de passar por tudo isso de novo e de novo,sinto me no ponto zero,onde começo e termino.Sempre.Chega a ser irônico.
Preciso mudar,ou fazer que mude.
Cansei do seu olhar triste e choroso, e seu sorriso bobo já não me afeta.
Vou devolver-lhe as lembranças e as ilusões.Faça bom uso delas.Por que eu o fiz.
Finalmente decidi reerguer-me,sem você.Sem ninguém;talvez.Só, não tenho grandes alegrias,nem grandes tristezas,nem grandes abalos.
Solidão,me aceita como companheira até que a morte nos separe?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lamentos

Meus pés descalços congelam-se no chão sujo,enlameado e áspero,pelas folhas em pedaços que restaram do outono.Outro inverno sem anjos de gelo,sem bonecos de neve, sem amigos bebendo chocolate quente em volta da lareira.
As lembranças da primavera ficaram nas fotos que rasguei,enquanto pensava nas mentiras,nas omissões,nas máscaras.O que me trás a nostalgia é apenas um vinil da Joplin que você deixou no armário,na gaveta onde ficavam minhas bijuterias antigas.As vezes penso se foi seu jeito de ficar pra sempre comigo,ou se for por maldade,por saber que eu choraria quando ouvisse o canto rouco,embalado por promessas mal feitas e por perguntas sem respostas convincentes.
Chego em casa e tudo está com ritmo de ópio.Seus livros de psicanálise ainda estão na estante,cobertos por teia de aranha.Faço tudo para que continuem como você deixou, a diferença são os fios de entrelaçados,e a poeira contida nas capas.Tenho certeza de que, se os abrir,ainda terão o seu cheiro de chá de canela com a fumaça do seu cigarro predileto,abafados pelo odor de mofo.
Sinto de novo desapontamento para comigo mesma,por não ter te expulsado das minhas memórias,e nem do meu presente.Eu sou a culpada que não te deixa ir embora,que te deixou preso nas viagens,nas risadas, no vinho tinto ao som de rock'n roll e blues.
E eu sei que essa angústia não passará de uma hora para a outra,pois a cada dia que passa, me apego á solidão,a única amiga leal,que nunca me deixará.Eu tenho a mim..Sempre terei.E tento em vão enterrar viva tuas memórias.Me desespera. E esse desespero me faz questionar cada vez mais porquês e tomar cada vez mais anfetaminas.
Pela janela vejo o chão cinza lá fora, e eu percebo que o chão relvado, e as margaridas banhadas de orvalho nas manhãs de primavera,talvez,não voltem a ser vistas por mim.

domingo, 5 de setembro de 2010

Redenção

Escolhas.Estúpidas,mesquinhas,egoístas.
A escória da minha psique se manifesta outra vez.Sinto sua agonia,sua respiração ofegante de quem luta pra se libertar,dar adeus,ou sair sem avisar..Fustiga minha consciência;ou o que restou dela.
Me confunde com sua malícia e persuasão..forja-me idéias novas e precipitadas.
Eu me rendo.Devora-me.Mas me deixa saborear comodidade,ao menos uma vez.
Quero experimentar essa tal de paz,da qual me contam histórias,versos e cantigas.Quero provar seu sabor,mesmo que por segundos..Quero abandonar a mim mesmo.Esquecer-me,esquecer-te.Abandonar-me abandonando-te.Me entendes? Eu só almejo encontrar as respostas..ou mesmo parar de formular outras perguntas,jogando fora toda lástima com que me presenteaste.
Mas preciso ultrapassar esses limites,supérfluos e decadentes.Desejo agora,apenas que me confidencie:
Que queres de mim?
Queres sinceridade?
Não posso te oferecer o que não disponho a mim.
Se quiseres, reparto minha solidão.
Assim quem sabe,posso encontrar paz,deliciando me em teu veneno ardente;destruindo me em teus braços quentes,rendendo me em tuas mentiras doces.